TMG Automotive aposta nas fibras naturais para o interior automóvel

24-11-2017

A TMG Automotive conseguiu desenvolver protótipos, já muito perto da industrialização, de materiais plastificados para utilização visível em superfícies do interior automóvel com a inclusão de fibras naturais. Este foi o foco do projeto FibreInSurface, iniciado em 2015 com o incentivo do Compete 2020 e cujos resultados finais foram divulgados esta sexta-feira, 24 de novembro, no que se traduz em avanços significativos e em produtos inovadores de elevado valor acrescentado para a indústria automóvel.

No âmbito da estratégia definida, que passou, inevitavelmente, pela criação de conhecimento, com atividades de I&DT, a TMG Automotive – que, recorde-se, está a investir 45,5 milhões de euros numa nova unidade de produção nas míticas instalações do grupo empresarial, em Vale S. Cosme, Famalicão, que deverá começar a laborar em janeiro de 2018 – propôs-se desenvolver materiais compósitos de matriz termoplástica, reforçados, num primeiro caso, com fibras naturais, para o revestimento de painéis e, num segundo caso, reforçados com resíduos de fibra de carbono, destinados a componentes estruturais de painéis.

Para o primeiro objetivo a metodologia consistiu na incorporação de materiais fibrosos de origem natural em processos atualmente existentes, no sector dos transportes, de conceção de artigos e componentes para a superfície visível do interior de veículos. Já no segundo objetivo o principal target envolveu a reciclagem e reutilização de materiais sintéticos, como as fibras de carbono, no desenvolvimento de novos reforços estruturais (não visíveis) de componentes automóveis.

As fibras naturais são uma forte tendência na indústria automóvel, pois permitem transmitir ao utilizador uma imagem de preocupação com a reutilização e reincorporação de materiais renováveis. Os modelos elétricos da BMW já ousaram colocar essas fibras, não apenas como componente estrutural, mas também como componente visível.

Cofinanciado pelo Compete 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, com um investimento elegível de 460 mil euros, o projeto FibreInSurface foi desenvolvido em parceria com a Fibrenamics.

Num balanço final ao FibreInSurface, Isabel Araújo, engenheira química e responsável técnica pelo projeto, afirma:

"Com este projeto pretendeu-se incluir fibras naturais em materiais flexíveis para superfícies visíveis e tácteis do interior automóvel, com o desafio de cumprir as exigentes especificações associadas a estas áreas de aplicação. Este projeto pretendeu, assim, dar seguimento ao trabalho mais explorativo realizado anteriormente, de forma a encontrar soluções mais perto de serem comercializadas. Tendo em conta os desafios que o projeto apresentava inicialmente, foi possível, com o incentivo dado pelo Compete 2020, fazer avanços significativos e desenvolver protótipos muito perto de industrialização. Contudo, há ainda algum trabalho a fazer até à completa industrialização, nomeadamente através de tecnologia de processo. A TMG continuará a trabalhar nestes materiais até que se chegue a uma solução viável com o objetivo final de os incorporar em automóveis, nomeadamente em carros elétricos, onde o conceito de sustentabilidade está mais presente.”

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