O novo Palácio da Igreja Velha deslumbra
22-05-2017
No roteiro do património histórico e da arquitetura nacional, mas também do design, há mais um “hotspot” para acrescentar. É o Palácio da Igreja Velha, em Vermoim, Vila Nova de Famalicão, que acaba de ser totalmente intervencionado, com projeto de arquitetura já premiado e pela mestria da Telhabel, grupo de construção civil famalicense.
O renascimento do Palácio da Igreja Velha começou a escrever-se em 2012 quando a Telhabel adquiriu este singular património histórico, então degradado e com futuro incerto, para o recuperar e reabilitar. Terminada a intervenção, o resultado final, apreciado esta manhã pelo Presidente da Câmara Municipal numa visita a pretexto do roteiro Famalicão Made IN, representou um investimento de 5 milhões de euros.
Aliás, o Palácio da Igreja Velha é para Paulo Cunha, “talvez, um dos melhores exemplos no concelho de investimento privado com interesse de utilidade pública”.
Esta imponente construção, edificada em 1881 ao estilo barroco, com duas torres acasteladas e uma capela de estilo neogótico, dedicada a S. Francisco de Assis, está agora salvaguardada e valorizada, vocacionando-se para a realização de eventos e para hospedar quem neles participa.
Recentemente o Palácio da Igreja Velha foi motivo de notícias positivas em Portugal e no mundo. A sua extensão venceu o conceituado prémio da Architizer, plataforma online de arquitetura que reúne trabalhos de mais de 40 mil empresas de arquitetura do mundo, num projeto assinado por três arquitetos, entre os quais o famalicense Nuno Poiarez, do gabinete Visioarq.
A intervenção consistiu na ampliação de um palácio com elementos barrocos e neogóticos, respeitando o protagonismo, a essência e o ADN do espaço. “O desafio era fazê-lo sem disrupção visual no conjunto histórico. E, atendendo à peça modernista que tínhamos que integrar, revelou-se um grande desafio”, explicou Nuno Poiarez, acompanhado pelo responsável da Telhabel, Fernando Gonçalves, referindo que a resposta foi encontrada na recriação dos espigueiros, construção tradicional da região do Minho.
Com quatro elementos construtivos – aço, vidro, pedra e madeira –, o novo volume foi executado em dez meses, mantendo a harmonia cromática e volumétrica do espaço, e, segundo Poiarez, “é uma obra de engenharia muito complexa”. O desenho “nasceu de um olhar metálico para o espigueiro do século XXI, que parece levitar com a sua fina pele em aço [cobertura tem apenas 1,5 centímetros de espessura] sobre uma base de pedra e vidro”, explicou.
Fantástica e deslumbrante. São os qualitativos que Paulo Cunha emprega para descrever a intervenção no Palácio da Igreja Velha. “Não me canso de elogiar a atitude da Telhabel, que concretizou a intervenção da melhor forma possível para proteger e valorizar este património e deixar um legado histórico ao concelho. Muitas gerações de famalicenses, estou certo, vão reconhecer o trabalho que aqui foi realizado”, disse, salientando: “A Câmara Municipal sempre foi parte interessada neste processo e fez o que tinha que fazer para que ele fosse bem-sucedido. Ficamos muito satisfeitos quando soubemos que o grupo tinha adquirido este espaço, porque essa aquisição sinalizou que ia haver uma reconversão. A qualidade, a persistência e a relação muito forte da Telhabel com o nosso concelho são talvez as razões que mais pesaram para que tivéssemos chegado a este resultado.”