Na Sasia a economia circular começou em 1952
18-02-2019
Na Sasia a economia circular é uma prática industrial com quase sete décadas. A empresa dedica-se desde a sua fundação, em 1952, à reciclagem de desperdícios da indústria têxtil, que transforma em ramas nas cinco linhas de reciclagem automatizadas da sua fábrica em Ribeirão, Vila Nova de Famalicão.
Mensalmente, a Sasia transforma 900 toneladas de resíduos têxteis em matérias-primas para aplicação em diferentes setores e subsetores industriais: têxtil, hidrofilia, fiação, colchoaria, horticultura, automóvel e geotêxtil, entre outros.
“Importamos de vários países de diferentes continentes, América Latina e Ásia incluídas, resíduos pré-consumo de algodão ou fibras artificiais que desfibramos e reciclamos em ramas destinadas a segmentos de mercado muito diferentes. Tanto podem ser usadas na construção de pisos de autoestradas, no fabrico de algodão hidrófilo e colchões, ou como matéria-prima pelas fiações”, explicou Miguel Ribeiro da Silva, o administrador, durante uma visita à empresa por parte do Presidente da Câmara, Paulo Cunha, na passada sexta-feira, 15 de fevereiro, a pretexto do Roteiro pela Inovação.
Cerca de metade do volume da nova matéria-prima é absorvida pela indústria nacional; os restantes 50% têm como destino a Europa.
A Sasia acabou de realizar um investimento de dois milhões de euros numa nova e moderna linha de reciclagem, que aumentou em 20% a sua capacidade produtiva e melhorou a eficiência energética da empresa. “Esta nova linha de reciclagem entrou em funcionamento em dezembro de 2018 e com ela conseguimos fazer o que não conseguíamos até então”, apontou Miguel Ribeiro da Silva, destacando assim o seu caráter diferenciador.
Paulo Cunha enalteceu o pioneirismo da Sasia com as questões da sustentabilidade e sublinhou o facto de a empresa contribuir para a afirmação de Famalicão como Cidade Têxtil. “Quando em Famalicão se fala do têxtil não se fala só da qualidade do produto acabado. No têxtil há uma enorme dependência de matérias-primas e muitas delas estão fora de Portugal. Com a Sasia, conseguimos também mostrar ao país e ao exterior como é possível ser o mais autónomos possível”, explicou.
Ao mesmo tempo, para o edil, “apostar na Sasia significa um contributo muito relevante para que Famalicão continue a crescer enquanto Cidade Têxtil que é, atingindo novos patamares e novos produtos, muito ligados aos reciclados”.
A unidade fabril, que ocupa 15 mil metros quadrados, acolhe 30 trabalhadores em três turnos.
A empresa foi uma das parceiras da Riopele no projeto Tenowa, vencedor do Prémio Produto Inovação 2018, atribuído pela COTEC. “Temos sido muito solicitados a colaborar com o nosso know-how em projetos sustentáveis. Os consumidores estão cada vez mais preocupados com a escassez de recursos e as empresas procuram corresponder a essa preocupação”, disse.
A Sasia fechou o exercício de 2018 com um volume de negócios de cinco milhões de euros, dos quais cerca de 50% feito na exportação, prevendo crescer entre 15 a 20% em 2019.