A arte mora na Casa ao Lado
07-12-2015
As paredes pintadas como se fossem telas, as escadas que ligam os três pisos e o soalho de madeira que rangem, o teto desnivelado ostentando candeeiros compridos, as janelas altas e estreitas com cortinas vermelhas presas nas pontas, móveis e objetos antigos. É assim A Casa ao Lado, um projeto de educação para as artes que um edifício histórico situado no centro urbano de Vila Nova de Famalicão acolhe e que desde hoje integra o roteiro Famalicão Made IN.
No número 121 da Avenida 25 de Abril encontramos este espaço alternativo e independente de aprendizagem, experimentação e sensibilização artística, da autoria de Ricardo Miranda e Joana Brito, licenciados em Artes Plásticas pela Escola Superior Artística do Porto, que encontraram em Famalicão o sítio ideal para provocar a veia artística de crianças e adultos e espicaçar o universo empresarial para as potencialidades desta área. Dez anos depois de arriscar no lançamento deste projeto o casal protagoniza um verdadeiro exemplo de empreendedorismo de sucesso.
A cada semana, A Casa ao Lado envolve cerca de três centenas de pessoas, tanto na sua escola como nas instituições para onde é convidada para ensinar e mostrar as artes em todas as suas vertentes. O público, esse, não podia ser mais diversificado. “Trabalhamos com alunos de todas as idades, diria que dos 3 aos 83 anos, mas o nosso público principal são adultos que querem aprender e sentir que depois do curso sabem fazer”, contou Joana Brito durante a visita da comitiva do roteiro Famalicão Made IN, liderada por Paulo Cunha.
As divisões desta “velha” habitação que o foi no passado desdobram-se em funções e acolhem aulas, ateliês e workshops de desenho e pintura, conservação e restauro, ilustração, joalharia, fotografia e vitrinismo. Bem no meio, uma pequena sala não passa despercebida pela sintonia com a época natalícia. É lá que estão os presépios criados por Ricardo e Joana e que estão à venda num número muito reduzido de lojas de artesanato em Lisboa, Porto e Guimarães.
A próxima etapa é a abertura do terceiro piso para exibição de cinema de animação, prevista para fevereiro do próximo ano, com capacidade para três dezenas de pessoas. “Queremos tornar A Casa ao Lado também num espaço de lazer para as famílias”, explicou Ricardo Miranda.
Mas na mente de Ricardo e Joana está ainda a criação de um curso profissional na área das artes plásticas em Famalicão, algo que ambos encaram como “mais um passo importante no sentido de potenciar o ensino das artes e preparar os jovens para a universidade”.
O Presidente da Câmara Municipal registou a ideia e sublinhou que “a oferta formativa do ensino profissional no concelho é um processo aberto e, portanto, recetivo a novas áreas”.
Paulo Cunha classificou A Casa ao Lado como um “projeto virtuoso que tem deixado muitos contributos ao longo dos anos e que hoje congrega as dimensões cultural e empresarial”. “Muitos dos resultados para quem aqui passa para adquirir uma formação estão relacionados com propostas empresariais. Por isso, este projeto é uma verdadeira incubadora que cria valor acrescentado às pessoas”, rematou.